Aos cuidadores e nutricionistas deixamos aqui algumas dicas e orientações para facilitar o dia-a-dia de quem com muito zelo se dedica a ajudar outras pessoas
- O que é uma Dieta Enteral?
É uma dieta especificamente elaborada para pacientes que durante o curso ou recuperação de uma doença, estão impossibilitados de receber alimentação via oral e portanto a recebem via sonda.
2) Quais são os tipos de Dietas Enterais existentes?
– Artesanal (ou caseira): Dieta preparada a base de alimentos na sua forma original (alimentos que comemos no dia-a-dia como arroz, feijão, etc.) que deverá ser liquidificada, coada e ser administrada apenas em pacientes que possuem gastrostomia. Caso seja administrada via sonda nasoenteral, necessitará de maior diluição para passar no tubo fino e haverá perda de nutrientes. Deverá ser preparada seguindo uma série de recomendações, a fim de evitar contaminação. É a menos indicada, devido a grande perda de nutrientes (pois o corpo tem dificuldade de absorvê-los nesse tipo de dieta) e grande risco de contaminação.
– Industrializada: é uma dieta pronta, completa de nutrientes e balanceada, onde há menores chances de contaminação. É a mais indicada, pois além de completa, é feita com alta tecnologia para melhor nutrição e recuperação do paciente. Pode ser encontrada na forma:
- Pó: necessitando de reconstituição ou diluição com água; normalmente rende mais que a líquida, possui melhor “validade” (a líquida uma vez aberta dura apenas 24 horas, enquanto a dieta em pó dura pelo prazo de validade constante no pote/lata desde que, armazenada da maneira devida).
- Líquidas em sistema Aberto: prontas para uso, normalmente vem em uma embalagem tetrapak (igual uma caixa de leite); devem ser envasadas em um recipiente plástico adequado (frasco) para sua administração; tem como vantagem a conveniência e praticidade.
- Líquidas em sistema fechado: prontas para uso, normalmente servem para uso em hospitais; sendo necessário conectar um equipo especial diretamente no frasco da dieta.
É importante que as embalagens sejam mantidas em local fresco e seco.
3) Quais são os equipamentos próprios para administração da dieta?
– Sonda: tubo fino (sonda gástrica ou entérica) ou mais calibroso ( sonda de gastrostomia ou jejunostomia) e flexível, de material tipo poliuretano ou silicone que permite ao alimento chegar ao estômago ou intestino. Usualmente, o paciente já vem do hospital com a sonda instalada.
– Frasco Plástico: (para dietas de sistema aberto). Recipiente de plástico, graduado, com capacidade para 300 ou 500 ml, para acondicionamento da dieta enteral;
– Equipo: tubo de PVC que permite o transporte da dieta do frasco à sonda do paciente; possui instrumento regulador utilizado também para calibrar a intensidade do gotejamento da dieta.
– Seringa: usada para higienização ou administração da dieta.
4) Quais são as formas que posso administrar a dieta?
– Bolus: Administração da dieta enteral com auxílio de uma seringa. Método que deve ser utilizado com muito rigor para evitar transtornos digestivos devido a uma administração rápida demais.
– Gravitacional: Administração da dieta por gotejamento (frasco + equipo), suspenso em suporte. Permite uma utilização mais lenta que o bolus e muitas vezes é melhor tolerada.
5) Como posso administrar uma dieta?
Normalmente todas as dietas vem com orientações em seus rótulos sobre como preparar e administrar elas.
– Para dietas em pó: Separe os materiais necessários (liquidificador e copo medidor), realize a devida higienização deles antes do uso. Coloque a água filtrada e a quantidade do pó da dieta de acordo com a prescrição do nutricionista e também em conformidade ao descrito no rótulo do produto. Ao final do preparo basta colocar no frasco.
– Para dietas líquidas: Basta abrir a embalagem e administrar a quantidade adequada prescrita pelo nutricionista no frasco. Após aberta colocar na geladeira.
6) Como armazenar ou conservar as dietas?
– Dietas em pó: As dietas devem ser armazenadas fechadas em local seco, em temperatura ambiente e longe do calor. Mantenha fora do alcance das crianças.
– Dietas Líquidas: Devem ir para a geladeira por um prazo máximo de até 24h após abertura da embalagem original. Depois desse prazo a dieta líquida deve ser desprezada.
Ambas as dietas, uma vez envasadas no frasco plástico e prontas para uso, devem ser imediatamente utilizadas.
NUNCA UTILIZE PRODUTOS COM DATA DE VALIDADE VENCIDA!
7) Com que frequencia posso utilizar o mesmo frasco e equipo?
Cada nutricionista tem sua orientação de preferência. Algumas sugerem a troca a cada alimentação, outras permitem o uso dentro de 24 horas desde que haja devida higienização, e ainda outras permitem o uso por 3 a 4 dias desde que feitos os devidos cuidados de limpeza. Já os fabricantes recomendam que o equipo e o frasco sejam substituídos a cada 24 horas. Você deve lavar após cada administração e guardar num recipiente limpo e seco.
8) Qual a melhor posição para administrar a dieta?
– Se o paciente estiver acamado:
Eleve a cabeceira da cama de 30 a 45 graus, durante a administração; mantenha o paciente nesta posição de 20 a 30 minutos após a infusão da dieta, se a administração for intermitente ou em bolus (com seringa); se a administração for contínua, mantenha a cabeceira da cama elevada durante todo o tempo de 30 a 45 graus.
– Se o paciente não estiver acamado:
Mantenha o paciente sentado durante toda a administração da dieta.
9) Alguns cuidados com o paciente que está utilizando dieta enteral:
O paciente com alimentação enteral por sonda deve ter os seguintes cuidados de higiene pessoal:
– Rosto: é importante manter o rosto do paciente limpo para que a oleosidade da pele não descole a fita que prende a sonda na posição correta. Esta higiene deve ser feita com sabão, água, gaze e algodão
– Narinas: as narinas também devem ser limpas com frequência com auxílio de um cotonete.
– Boca: os dentes e a língua devem ser escovados 3 vezes ao dia. Se necessário, pode-se utilizar uma espátula envolvida com gaze ou algodão na ponta, embebida em solução antisséptica.
10) Chame o médico, enfermeiro ou nutricionista caso:
– Náuseas, diarreia e dor abdominal não cessarem em 24h;
– O paciente tenha febre acima de 38°;
– Ocorra o rompimento ou saída da sonda da alimentação;
– Haja inchaço excessivo da face ou das pernas;
– Ocorra arroxeamento ou ferimento na região onde a sonda está instalada;
– Ocorra prisão de ventre por mais de 5 dias;
– Haja suspeita de bronco-aspiração.